Neste post irei contar tudo sobre o centro histórico de Paraty em um roteiro para 1 dia de passeio, bem dinâmico!!! Também irei mostrar como foi minha experiência com o tour guiado “gratuito”. Afinal, Paraty é uma cidade com muita história e vale muito a pena tirar um dia inteiro para conhecê-la!!!
Detalhes do centro histórico de Paraty
Para entender melhor o passeio pelo centro histórico de Paraty, irei listar alguns fatos sobre a cidade.
A história do calçamento de pedras
As ruas de Paraty foram todas calçadas com pedras enormes. Um triste passado se esconde por trás desde calçamento. Na época da escravidão, dizem que eram as crianças escravas que pisavam sobre as pedras para as assentarem sobre a areia. Muito tempo se passou e se precisou retirá-las para se fazer o encanamento da cidade. Com isso, a maior parte das pedras que vemos hoje foram recolocadas (e de um jeito bem mal feito, por sinal!).
Sendo assim, é bem difícil de caminhar pelas ruas, você precisa ficar olhando para o chão e chega a ser um pouco desconfortável. Fora quando chove, elas ficam bem escorregadias e as ruas ficam inundadas no centro. Por isso, faça o passseio com sapatos confortáveis e com solado de borracha.
Dizem que antigamente as ruas eram mais inclinadas no centro, como “valas”, para receberem água do mar durante a maré cheia. Então, quando a água escorria de volta para o mar, a rua era limpa pela natureza (para quem não sabe, antigamente as pessoas jogavam os dejetos das casas na rua).
Paraty era rica na época colonial???
A cidade passou por diversos ciclos, sendo o 1º, o ciclo do ouro. Por ali chegava o ouro trazido de Minas Gerais, após uma viagem por trilhas, que chegava a durar quase 1 ano!!! Depois ocorreu o 2º ciclo, o do café.
Mas, com a abolição da escravatura, e a abertura da nova estrada de ferro, que ligava São Paulo pao Rio, a cidade caiu em decadência. Muitos dos escravos libertados foram para outras cidades, principalmente para as capitais, e para quilombos. Com isso, a cidade chegou a registrar somente 600 habitantes no final do século XIX!!!! Por um período, a cidade nem constava mais nos mapas do Brasil!!! Mas foi somente a partir de 1970 que a cidade começou a ser reconstruída e a atrair turistas. E por fim, com a construção da BR-101, Paraty começou a participar mais ativamente da economia.
Curiosidades sobre os casarões
Os casarões mais ricos, tinham em sua fachada trompetes, lamparinas e abacaxis. Isto porque os abacaxis eram frutas raras na época, e não existiam na Europa. Como eram muito caros, tornaram-se símbolos de “status” lá e aqui. Por isso, adornar a varanda com um enfeite de abacaxi era símbolo de riqueza. Até nas igrejas podemos encontrá-los no topo dos lustres!!! Além destes detalhes havia também os símbolos maçônicos. Estavam dispostos em colunas nas casas, mas apenas quem era Maçom poderia desvendar as informações.
Por onde começar o roteiro pelo centro de Paraty???
Irei passar abaixo os passeios de acordo com a proximidade entre uma atração e outra. Tudo pode ser feito em 1 dia de passeio, e a pé, é claro. Mas para quem estiver com muita preguiça, é possível conhecer o centro histórico através de charretes, que partem da Praça Matriz. Os condutores da charrete são como guias turísticos e vão passando as informações de cada local.
Free Walking Tours
Uma opção que recomendo é fazer um tour guiado com a empresa Free Waking Tours. Eles partem todos os dias (exceto 4ªf) da frente da Igreja Matriz, às 10:00 e às 17:00. Nossa guia foi muito simpática e passou muita informação, muita mesmo!!! O tour dura cerca de 2 horas, e você paga no final do passeio o valor que achar justo!!!
Observação: se você estiver de carro, para estacionar o carro no centro histórico de Paraty é preciso pagar por hora. Mas caso não queira pagar a cerca de 2 quarteirões do centro já não há essa cobrança.
Igreja Matriz
A Igreja Matriz de Paraty também chamada de Igreja de Nossa Senhora dos Remédios está no “coração da cidade”. Ela foi reconstruída a partir de uma capela que havia neste exato local, de 1646. Ela data de 1873 com a construção feita, inicialmente, por mão-de-obra escrava. É de estilo neoclássico e hoje é tombada pelo Patrimônio Histórico. Mas importante notar que suas duas torres ficaram inacabadas. Esta era a igreja frequentada pela aristocracia. Isso porque cada igreja recebia uma “classe social”.
A Igreja precisou passar por diversas reformas, pois o local em que foi construída, além de estar sobre areia, sofreu diversas inundações e foi “afundando”. A entrada principal, que antes tinha diversos degraus, hoje já não tem nenhum.
Casa do Amyr Klink
Logo ao final da praça, já na direção da orla, está a casa do famoso navegador e escritor, Amyr Klink. Mas, no momento, encontra-se fechada para visitação. Para quem nunca ouviu falar, Amy Klink é um navegador que ficou famoso mundialmente por ter sido o primeiro a fazer a travessia do Atlântico Sul a remo, em 1984, além de dar a volta ao mundo em um veleiro, entre outros feitos.
Igreja Nossa Senhora das Dores
Esta igreja, já localizada próxima a foz do Rio Perequê-açu e próxima ao mar, foi construída em 1800 para servir de local provisório enquanto a Igreja Matriz era reformada. Ali podiam frequentar somente as senhoras da aristocracia. Ao fundo dela, há um cemitério vertical. Foi abandonada por muitos anos, sendo parcialmente restaurada em 1900. Entretanto, encontra-se fechada para visitação.
Casa do Príncipe
Esta é a casa onde vive o Príncipe D. João de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel. A casa tem a pintura nas cores verde e amarelo da bandeira do Brasil. Não se sabe quem construiu esta casa, que é do período imperial, de 1830. Mas aventa-se que no passado deve ter sido um ponto armazém ou açougue, pela sua proximidade do cais e também por suas “portas-divididas” se abrirem diretamente para a rua (geralmente era o contrário!). E para quem não sabe, a Pousada do Príncipe de Paraty, é realmente, do Príncipe D. João!!!
Casa da Cultura de Paraty
R. Dona Geralda, 194.
Aberta de terça a sábado, das 12h às 18h.
Maiores informações no site oficial.
Descendo pela rua ao lado da Casa do Príncipe, chegamos na Casa de Cultura. O prédio em si já é bem bonito. É um casarão de 1754. Abriu ao público em 1990 e sofreu restauração em 2004. Há sempre mais de uma exposição ocorrendo, e a entrada é gratuita.
Largo de Santa Rita
Descendo pela rua Dona Geralda, nós chegamos no Largo Santa Rita. Ali você tem uma linda vista do cais de Paraty à esquerda, e da Igreja de Santa Rita, à direita. Caso goste de artesanato, não deixe de visitar a Loja Maré Mansa. Ela fica na esquina, próxima ao cais. Sua rua é famosa por ser “inundada” nos horários de maré alta. Ali são vendidos produtos dos artesãos locais, como por exemplo, redes, móbiles de balões, máscaras, entre outros objetos típicos. No Largo também estão prédios históricos, como a antiga cadeia e o prédio onde se vendia café.
Cais de Paraty
É dali que partem as escunas e lanchas para os passeios pelas ilhas da região. Eu recomendo demais tirarem um dia para fazer um passeio de escuna. Neste post eu explico como foi a minha experiência e também dou dicas de como escolher a escuna, preços, etc. No cais também chegam os pescadores logo pela manhã. Eles vendem os peixes ali perto, no Mercado do Peixe de Paraty. Para chegar lá basta cruzar uma passarela de madeira que cruza o cais. Mas é importante chegar cedo!!!
SESC Paraty
O SESC Paraty fica logo ao lado da Igreja de Santa Rita. A entrada é gratuita e vale a pena dar uma conferida!!! Ele sedia diversas exposições, em um casarão de dois andares. Além de fotografia, também há muito material audio visual e exposições interativas. Algo bem legal e que pouca gente sabe, é que da janela do 2º andar dá para se ter uma vista ESPETACULAR do cais de Paraty!!!! Vejam a foto que tirei:
Igreja de Santa Rita de Cássia
Esta Igreja, conhecida também como “igreja dos pardos”, pois foi construída pelos pardos libertos, em 1722. É a igreja mais antiga da cidade, sendo considerada uma igreja barroca, apesar de ter o estilo jesuítico do período colonial. Ela é um dos cartões-postais da cidade e sedia em seu interior o Museu de Arte Sacra.
Importante notar que a sua porta de entrada está rebaixada em relação ao solo. Muitos dizem que antigamente essa “vala” permitia que a água do mar chegasse até a porta da igreja. Com isso, os frequentadores podiam lavar os seus pés antes de entrar. Outra curiosidade é a porta vermelha na lateral: ela abre somente uma vez por ano, durante a Festa de Santa Rita.
Viela do Fogo Ardente
A Viela do Fogo ardente ficava ao lado da Igreja de Santa Rita. Levou este nome devido aos “encontros amorosos”, geralmente, proibidos, que ali ocorriam. A rua era escolhida por ser pouco movimentada (ali abriam-se somente portas dos fundos dos casarões).
E que tal almoçar bem e sem gastar muito em Paraty??? Veja então este post no link!!!
Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito
Descendo mais um quarteirão e virando à direita, chegamos à outra Igreja histórica de Paraty. A construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário pelos escravos se deu no ano de 1725. Ela era uma igreja bem simples, mas no século passado foi revitalizada e acrescentado dourado em seus detalhes.
Também foi colocado um lustre com um abacaxi no topo, representando, como disse anteriormente, riqueza. Tudo isso para homenagear os escravos que participaram da construção.
Praia do Pontal – Paraty Centro
Seguindo em frente, você irá chegar ao rio que cruza Paraty e que desemboca no mar. Na beira do rio estão diversos barcos que fazem passeios com turistas. Após cruzar a ponte, vire à direita e então siga em frente. Você chegará então na Praia do Pontal. Apesar de ser uma praia urbana e imprópria para o banho, oferece lindas vistas para o centro histórico de Paraty e também tem infra estrutura com quiosques, quadra de vôlei de praia, etc.
Enfim, estas foram minhas dicas de uma roteiro de 1 dia pelo centro histórico de Paraty!!! Espero que tenham curtido!!! Até a próxima!!!